Órteses criativas: as ferramentas de Ana Maria Peregrino para aprimorar o seu trabalho na terapia ocupacional

Por Patricia Toni

“Reabilitar é saber lidar todos os dias com desafios e superações”. Encorajada diariamente pela disposição de seus pacientes, Ana Maria Peregrino, terapeuta ocupacional e especialista em reabilitação de mão desde 1990, é a autora da frase que inicia esse texto. Para ela, exercer a profissão é um exercício diário de empatia que é determinante para a melhora do quadro de qualquer paciente. “Abraçamos a deficiência do paciente como uma causa própria e, como todo desafio, esse requer energia necessária para se redescobrir e, muitas vezes, se reinventar, para poder prosseguir. O terapeuta ocupacional bem preparado atua muito bem nesse momento difícil do paciente”, aponta. Reinventar-se é a palavra que dá o tom para tudo que a terapia ocupacional propõe. O uso de ferramentas de trabalho como as órteses, por exemplo, são as peças-chave para colocar em prática essas ações.

Na visão de Peregrino, o terapeuta ocupacional é decisivo no processo de retomada das atividades simples do dia a dia que, quando comprometidas, se fazem grandes desafios a serem vencidos.

Ana Maria Peregrino, terapeuta ocupacional e especialista em reabilitação de mão
Ana Maria Peregrino, terapeuta ocupacional e especialista em reabilitação de mão

“Desde a primeira infância, fazer algo requer vivência, aprendizado, prática, execução e automatismo. Portanto, qualquer interrupção nesse processo pode gerar incapacidade na elaboração da função de determinada atividade, tanto relacionada ao cotidiano, mas, sobretudo, ao autocuidado. Sendo assim, é interessante que os recursos terapêuticos utilizados como meios de tratamento da reabilitação de mão, por exemplo, sejam os mais realistas possíveis”.

 

“Abraçamos a deficiência do paciente como uma causa própria e, como todo desafio, esse requer energia necessária para se redescobrir e, muitas vezes, se reinventar, para poder prosseguir. O terapeuta ocupacional bem preparado atua muito bem nesse momento.”

 

Esses recursos citados pela terapeuta requerem características como treino, paciência e criatividade, seja nos tratamentos gerais da terapia ocupacional ou da reabilitação de mão. Então, fazer uso de acessórios e ferramentas que ajudem no aprimoramento desses atributos é fundamental. “Utilizar a orientação e a repetição como um meio para resgatar o movimento automático é essencial. Em reabilitação, nem sempre é possível conseguir o movimento total. Portanto, o terapeuta ocupacional tem como uma “carta na manga” a possibilidade de lançar mão de recursos adaptativos, hoje chamados de tecnologia assistiva. A órtese e a órtese de mão são exemplos disso”, esclarece.

Produzindo órteses com criatividade

Quando trata pacientes no pós-operatório, Ana Maria utiliza a órtese funcional, confeccionada e customizada por ela dentro do centro cirúrgico. “Nesses casos, utilizo a marca Orfit Eco, mas uso também modelos de órteses estáticas, dinâmicas, seriadas e progressivas. O avanço da qualidade do material termoplástico moldável possibilita a elaboração da órtese e da órtese de mão de forma mais rápida e mais adequada à necessidade do paciente, proporcionando maior conforto”.

No entanto, para adequar o recurso corretamente a cada caso, é preciso ter um olhar analítico e cuidadoso. “Acredito que para confeccionar uma órtese ou uma órtese de mão não basta ter só o conhecimento técnico. É importante saber mais sobre o estilo do paciente. Muitas vezes, o modelo ideal não faz parte do cotidiano dele ou dela e a órtese acaba sendo um problema ao invés de uma solução”, alerta.

 

“Para confeccionar uma órtese não basta ter só o conhecimento técnico. É importante saber mais sobre o estilo do paciente.”

 

Mesmo em casos em que há total conforto, o uso da órtese termoplástica pode ser repelido por conta da aparência do acessório. Então, para torná-la mais atrativa, a terapeuta destaca sua versatilidade, principalmente quanto à variedade de cores e tamanhos. “Gosto muito das cores metálicas e meus pacientes também! Nas órteses infantis, acrescento adereços temáticos, carinhas com laços, pingentes e sobras de material de órteses. Ajuda na aceitação do aparelho e o transforma em algo divertido. Para os casos que requerem tamanhos menores, tenho usado bastante a linha Orficast. É rápido de fazer, o material é leve e atende bem a necessidade funcional do paciente”, destaca.

Ela deixa ainda mais uma dica para quem trabalha com terapia ocupacional ou reabilitação de mão quando precisar tratar uma queixa bastante comum: a dor no polegar com extensão até o braço, devido ao uso frequente do celular. O problema pode gerar incapacidade no manuseio de objetos, além de dor e processo inflamatório agudo. “A solução é oferecer um recurso de uso contínuo que atue diretamente no desequilíbrio das forças musculares, causado pela instabilidade. Indico a órtese de mão estática com suporte volar na articulação instável do polegar (MCF). Esse modelo oferece melhor acomodação da articulação, melhorando a qualidade do movimento de pinça, assim como o movimento de lateralidade do polegar. Para este modelo, tenho usado a linha da Orficast, porque o material é leve e firme, permitindo ao paciente utilizá-la durante as tarefas do dia a dia”.

Em 27 anos de profissão, Ana Maria Peregrino aprendeu que, mais do que executar protocolos e obedecer a processos, o Terapeuta Ocupacional precisa ter consigo a capacidade de ir além do óbvio. Uma lição que não se aplica apenas ao campo profissional. “Além do conhecimento técnico, é preciso dominar a capacidade criativa, utilizando-a como um instrumento de trabalho, como opção para se conquistar novos caminhos. E é isso que levamos para a vida: criatividade e superação!”.

/home/b/blogefectiv/www/wp-content/themes/solana/page.php